segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Ben 10 e eu

Produção e foto: meu filho

Meu filho sempre preferiu ouvir uma história a jogar bola, brincar de carrinhos a subir em árvores, vídeo game a... qualquer outra coisa.
Mesmo pequenino, já era mais intectual do que as outras crianças.
A primeira professora logo comentou que a fala dele era muito boa, inclusive o português sempre corrreto. Era concentrado nas brincadeiras, inteligente mesmo.
Até que esses dias voltamos ao tal médico Waldorf. E sempre há uma coisa nova a aprender.
Logo ele também percebeu a característica, nem precisou de muito. Meu filho começou a contar de-ta-lha-da-men-te os poderes de um tal alienígena do Ben 10.
E então o médico fez uma cara assim, digamos, diferente, quando disse que meu filho era bastante intelectual.
Meu marido abriu um sorrisinho de orgulho.
Eu, sabia que um médico Waldorf não devia ter gostado nada de ouvir coisas do Ben 10, um desenho violento e desaconselhável para qualquer idade, principalmente para uma criança de apenas 3 anos (mesmo sendo na semana de completaria 4).
Então eu perguntei: isso é bom ou ruim?
- É ruim, claro.
(tipo, oi??)
Ele explicou que nesta idade, criança tem que brincar, correr, subir em árvore. Que era por isso que ele não estava comendo direito, porque não gastava energia, que a tv alimenta também.
E de repente, era tudo tão óbvio, senti aquela culpa enorme.
É natural que toda mãe tenha alguma culpa, sempre. Mas a gente vai aprendendo a lidar com ela, e ao invés de culpa vamos transformando em aprendizado. Eu vou me perdoando para não carregar o peso de tudo, afinal, criar uma criança sem escola, em um apartamento, numa cidade que não tenho família e pouquíssimos amigos, no frio, tendo que trabalhar, cuidar da casa, cozinhar e tudo mais que somos nós mulheres? Mesmo me dedicando, não é nada fácil.
Mas sempre (ou quase sempre) há tempo para reverter. Nesse caso, estou muito confiante que é possível.
Foi muito bom ouvir isso, porque o "relacionamento" com o Ben 10 já era preocupante para mim há algum tempo. Já estava uma coisa meio viciada, doentio. Só sabia falar nisso. Vivia num mundo paralelo, vivia a "realidade" da tv, enxergava com os olhos dela, então eu já sabia que o caminho não estava nada bom.
Pedia o brinquedo do Ben 10, o ovo de Páscoa do Ben 10, e queria ir ao supermercado toda hora só para olhar os brinquedos do Ben 10. Eu que não sou de ferro, quase sempre comprava para vê-lo todo feliz. E a coleção só crescia.
Ele acordava e já ligava o Cartoon, assistia o desenho em inglês sem entender nada! (acho que no fundo, esse ponto eu gostava).
Tomei a atitude.
Voltei da consulta e não liguei mais a TV. Nem uma vezinha, só pra ver como ia ser. E já faz 3 dias!
E o mais surpreendente: ele não pediu.
Simplesmente não fez a menor diferença, mesmo sendo algo que já estava incorporado na rotina.
Eu achava que iria ser "o" sofrimento, e foi o contrário. Ele ficou mais calmo, ouve mais música, faz menos birra, incrível.
E aí, o que eu achava que era 90% responsabilidade minha (os outros 10% era meu filho que gostava mesmo da tv) se transformou em 100%. "Filho, tô ocupada, liga aí a tv". A coisa estava tão avançada que quando eu ia pro computador ele já sabia que podia pedir o Ipad.
Não sei, a gente acha que a tv substitui a gente. Quanta ingenuidade.
Estamos todos mais felizes, com certeza o dia-a-dia dele tem mais qualidade.
O segundo passo é parar de incentivar essa palhaçada dessas armadilhas comerciais (sim, publicitários também são gente e caem nas mesmas armadilhas que todo mundo), deixar a culpa pra lá e ser feliz! Ah, e ouvir mais a minha mãe, que seeeeempre me falou que a tv (mal utilizada) é atraso de vida.

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